quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Desespero - pai escreve à juíza pedindo solução de processo


São Paulo – Carta à autoridade judicial – regulamentação de convivência

Um exemplo de coragem e determinação diante da inércia do sistema.
O Pai em questão, vendo que uma simples regulamentação de convivência arrastava-se por mais de um ano, em um ato dramático e arriscado, escreveu a Juíza encarregada de seu processo.
Por sorte encontrou espaço para sua manifestação.
Foi bem atendido e a resposta, contrariando a prática atual, veio:
Bom dia Pessoal,
Depois de mais de um ano com um advogado que após receber os honorários tocou o processo de forma extremamente desinteressada e morosa tomei uma atitude desesperada.
Enviei uma carta para a Juíza que está cuidando do caso na última quinta-feira (véspera de feriado) e ontem recebi uma ligação de uma de suas assistentes.
A pessoa foi muito educada e disse que a Juíza ficou contente em tomar ciência do ocorrido e que fará o possível, contudo pediu para que eu fizesse a comunicação pelos meios formais através de meu advogado. Anexo à carta que mandei para a Juíza. (O Autor)

Publicamos aqui, na íntegra, com a devida autorização,  a carta que também foi divulgada pelo autor nos fóruns:  pais-de-verdade@googlegroups.com; paisparasempre@yahoogrupos.com.br. 
 Os espaços em branco representam os dados que foram protegidos.

EXMO(A) SR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DA PRIMEIRA VARA CÍVEL DA COMARCA DE SERTÃOZINHO/SP.

REBECA MENDES BATISTA MAZZO

Proc. nº 597.01.2011.010523-8/000000-000
Ordem 1839/11

Excelentíssima Juíza,

Venho por meio desta carta na mais humilde e nobre das intenções apelar a vossa excelência a apreciação da regulamentação de visita pleiteada em relação ao processo em epígrafe.   Não sei bem como usar os termos jurídicos e mesmo uma linguagem mais adequada a tão nobre pessoa a quem destino essa carta, desta forma nos parágrafos abaixo para expor melhor o motivo que envio essa correspondência peço perdão antecipadamente por utilizar uma linguagem menos formal.
Estou com o processo de divórcio em vossa apreciação desde setembro do ano passado.   A decisão da separação foi muito complicada e infelizmente inevitável.   Contudo em momento algum eu pensei em separar do meu filho e tudo que posso e que me é permitido fazer estou fazendo sendo de forma material e sentimental.
Inicialmente havia concordado com a visitação livre, pois acreditava que poderia passar os fins de semana com meu filho ou mesmo férias e outros períodos.  Contudo desde novembro do ano passado as coisas mudaram sem explicação alguma.   Minha ex-cônjuge passou a permitir que ficasse com meu filho apenas na casa dela ou da mãe dela e com a presença dela.  A humilhação que sofria também meus familiares que quando podiam me acompanhar se deslocavam até Sertãozinho, era grande, pois tínhamos que ficar no playground do prédio sob supervisão da minha ex-cônjuge ou da mãe dela.   Não tínhamos liberdade alguma para conviver e estreitar os laços e fornecer todo o amor que sinto pelo meu filho.  Chegávamos cedo em Sertãozinho (pois moro em Nova Europa e meus pais em Monte Alto) e o máximo que conseguíamos ficar era até a hora do almoço, pois meu filho precisava dormir e não havia como ficar esperando ele descansar para ficar mais com ele.  Assim minha presença passou a ser de apenas cerca de 4 horas nos fins de semana que ela permitia.  Eu lutei muito e implorei todas as vezes para que ela mudasse de opinião e permitisse que convivesse com meu filho.   O que mais me preocupou foi que nesse tempo é que quando tinha que ir embora à hora do almoço meu filho chorava muito, não queria sair do meu colo.   Cheguei ao ponto de ter que disfarçar para sair para não deixar ele triste e traumatizado.   Quando ela permitia que ficasse com ele isso não acontecia, pois ficávamos mais tempo e conseguíamos efetivamente conviver e não apenas visita-lo.
Eu imploro humildemente para que aprecie a regulamentação de visita pois eu amo demais o meu filho e quero por tudo poder conviver com ele o máximo que me for permitido.   Existem tantos pais que nem sequer reconhecem a paternidade e outros que maltratam e nem ligam para os filhos.   Eu não sou um desses pais. Eu no desespero dessa situação que se perdura por tanto tempo imploro pelo direito do meu filho poder conviver com o pai.
Não quero ser um pai de parque, pracinha, restaurante e pensão.  Eu quero participar da criação do meu filho e quero que ele tenha em mim a figura de um pai que ele sempre poderá contar e que mesmo com a separação ele sofra o menos possível com isso.
Excelência não tem nada que me desabone, sou trabalhador, pago minhas contas em dia, a pensão está em dia, não tenho problemas com a justiça, não tenho vícios, sou religioso, responsável e meus pais e irmãs são pessoas com índole e procedência desta mesma maneira e que amam muito essa benção que é meu filho.
Excelência novamente humildemente imploro pelo meu filho e por mim para que possamos ter um direito de convivência e não só de visita.  Eu daria minha vida por ele e ter a visitação livre e não ter condições de exercê-la é horrível e está afetando a muitas pessoas, desde meu filho até meus pais e irmãs.
Por fim excelência gostaria que apreciasse a carta (escrita a próprio punho) que minha irmã em uma tentativa desesperada enviou a minha ex-cônjuge no intuito de que ela permitisse que pudéssemos conviver com meu filho em outro ambiente que não somente a casa dela ou da mãe dela.   A Doutora irá perceber que o conteúdo é forte e somente depois que minha irmã enviou é que ela me falou que tinha enviado.
Excelência estou a inteira disposição para qualquer esclarecimento ou para que chame quem for para atestar as coisas que aqui escrevo de coração e com lágrimas nos olhos.  Não sei se o fato de escrever para a Doutora é certo ou errado, mas é um apelo de um pai desesperado que apenas quer conviver com seu filho.   Perdoe-me se inferi alguma ética mas só estou fazendo isso em nome do meu filho.

Cordiais saudações,

Wadyr.
Nome do autor – se solicitado envia a carta diretamente.